sábado, 30 de outubro de 2010

A agricultura em Portugal e Espanha

Há pouco tempo ninguém imaginaria que as trocas comerciais de produtos agrícolas entre Portugal e Espanha haveriam um dia ficar equilibradas. Porém desde 1997 que as exportações para Espanha de um conjunto de produtos básicos (animais vivos, leite e lacticínios, frutas, hortícolas e cereais) excederam em valor as importações. Antigamente julgava-se que a arcaica agricultura portuguesa estaria condenada a extinguir-se pela força da moderna agricultura espanhola. No entanto, os agricultores portugueses souberam mostrar que são capazes de disputar o mercado nacional.
Mas, não se pode comparar a dimensão da agricultura espanhola com a portuguesa, dado que a superfície agrícola utilizada em Espanha é muito superior à da agricultura portuguesa. No entanto, a maior diferença entre as duas agriculturas é o grau de organização empresarial e o perfil de especialização.
Em Espanha há empresas sólidas que há muitos anos se desenvolveram numa lógica de mercado internacional, enquanto em Portugal a agricultura se pautou quase exclusivamente pelo abastecimento dos mercados regionais.
Também a dimensão média das explorações espanholas é superior aos valores nacionais e a sua produtividade pode ser constatada pela utilização de mão-de-obra: em Espanha, 1,1 milhões de agricultores cultivam uma área de 29,7 milhões de hectares, quando em Portugal 514 mil pessoas se ocupam de uma área que ronda os 3,9 milhões de hectares. Mas para além da dimensão empresarial, o perfil estrutural da agricultura espanhola está melhor adaptado às condições eco-climáticas do Mediterrâneo.
Os espanhóis conseguiram praticamente a auto-suficiência em cereais e são o segundo maior produtor europeu de frutas e hortícolas e o terceiro maior produtor de vinho. Porém, infelizmente, em Portugal não acontece o mesmo, pois todos os anos é necessário importar 64 por cento dos cereais consumidos e, apesar das condições naturais, Portugal apenas produz três por cento do volume global das frutas europeias.
Entre 1950 e 1980 a produção nacional diminuiu. Os espanhóis, pelo contrário, apostaram forte no olival e hoje o seu azeite está a ser promovido com sucesso em mercados como o dos Estados Unidos.Em 1991, a Espanha exportou para Portugal 3,6 milhões de contos; três anos mais tarde esse valor subiu para 15 milhões. As novas atitudes das grandes superfícies comerciais, apostadas nas mais valias da produção nacional, e o surgimento de empresas melhor dimensionadas e de agrupamento de produtores acabariam por equilibrar a situação.
Contudo, as duas agriculturas têm uma semelhança: ambas evoluem no mesmo sentido. O número de explorações diminui, a população activa no sector reduz-se paulatinamente e a sustentação dos rendimentos depende cada vez menos do mercado e mais de medidas políticas.
Texto fornecido pela Carla Silva, aluna nº 6 do 11ºD